- Fernando Braune
Ritos de passagem(memórias abertas de Charlotte)
XVII
A bagunça interna não me privou de passar a ser a arrumadeira da pensão, logo no dia seguinte à minha chegada. Descobri, de imediato, que o compromisso da arrumação externa me convinha bem mais que a interna.
A invasão da Iugoslávia pelos Nazistas fez da Dona Zulmira cidadã carioca. Na pensão éramos todos imigrantes, passageiros, forasteiros. Peregrinos de nós mesmos. Cada um à procura de sua própria Canaã. Cada um antecipando o céu na terra.
Viajantes hóspedes, de toda sorte. Dos quatro cantos tem gente. Gente do sul, sem norte. Gente do norte, à morte. Gente do leste, que pouco se veste, do oeste e de toda esfera celeste.
Sei que aqui cheguei. Meu rumo, sem prumo. Bússola agulha a bordar no tecido urbano cacos da mata fechada, sombras do suor equatorial.
Eu a me plantar, vegetar, florescer e colher!
