- Fernando Braune
RITOS DE PASSAGEM (memórias abertas de Charlotte)
IV
Até a minha adolescência, a pouca lonjura me habitava, onde os olhos percorriam toda a minha extensão. Não mais que três ruas, duas morrendo no rio, outra na mata fechada.
Tudo se dava na praça, do jogo de bola à procissão; das ladainhas em dias de santo aos namoros às escondidas; ali estava nosso picadeiro, em torno do qual se existia.
Bailes perfumados no Largo da igreja me vieram mais tarde, ungidos com a melhor roupa, tingidos de emoção restrita, contrita, só quebrada na missa de domingo, onde passávamos em revista, para depois voltarmos. Sempre o voltar. O voltar ao nosso canto, à nossa pequenez...
O trapézio deslocou meu eixo!
O que via de líquido em minha vida no norte, escorria agora por todos os cantos mundo afora. Estrada como picadeiro, equilibrista do dia a dia, saltimbancos janeiro a janeiro!
Em mim, o rio que se fazia mar!
